terça-feira, 1 de novembro de 2011

Com medo, deputado decide deixar o Brasil

As sete ameaças de execução por parte de milicianos registradas pelo Disque Denúncia e pelo serviço de inteligência da Polícia Militar do Rio no último mês fizeram o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) aceitar convite da Anistia Internacional para deixar o País. O parlamentar, que presidiu a CPI das Milícias em 2008, embarca hoje para a Europa com a família. Pré-candidato do PSOL à Prefeitura do Rio nas eleições do ano que vem, Freixo disse que pretende manter seu nome na disputa apesar das ameaças. O deputado deve permanecer fora do Brasil até o fim de novembro.

Freixo se queixou que não recebeu nenhum retorno da Secretaria de Segurança do Rio sobre as últimas ameaças registradas contra ele. O deputado e sua família já vivem sob escolta policial. Mas, segundo ele, o efetivo é insuficiente.

Desde que concluiu os trabalhos da CPI, que indiciou 225 pessoas, entre políticos e policiais, foram registradas 27 denúncias de planos elaborados por milicianos para executá-lo. O assassinato em agosto da juíza Patricia Acioli, que também atuava contra paramilitares, fez o número de ameaças disparar.

“São criminosos violentos. Já torturaram jornalistas, já mataram uma juíza e ameaçam parlamentar. É possível que façam alguma coisa. Não posso arriscar”, disse Freixo.

A sua saída do País também tem o objetivo de divulgar o crescimento do poderio das milícias. Apesar do número elevado de prisões de milicianos, o deputado afirma que nada foi feito contra o poderio econômico dos grupos paramilitares, que continuam a controlar serviços ilegais nas favela cariocas.

Para ele, as ameaças não são problema pessoal dele, mas um ataque ao estado democrático de direito. “O Brasil não precisa de herói. Eu não nasci para ser herói. O que eu faço é exercer a minha função pública”, disse Freixo.

Todas as denúncias de ameaças contra o deputado apontam para o grupo Liga da Justiça, que atua na zona oeste da cidade. Os planos incluiriam a participação de policiais lotados em áreas ocupadas pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), pagamento de R$ 400 mil ao pistoleiro e até aliança com traficantes.

Saiba mais

As milícias dominam 45,1% das favelas do Rio e cresceram 4% em dois anos. No mesmo período, o Comando Vermelho, principal facção criminosa dos morros cariocas, perdeu 10% dos territórios e reduziu seu poder para 30% das 965 favelas do estado.
 
O monitoramento é realizado por pesquisadores do Núcleo de Pesquisa das Violências (Nupevi) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Em 2008, eles revelaram que os paramilitares já dominavam mais comunidades do que qualquer facção criminosa ligada ao tráfico de drogas.
 
De acordo com o estudo, a facção criminosa Terceiro Comando dominaria 10% das comunidades e a quadrilha Amigos dos Amigos (ADA), 6%. As Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) ocupam 7% das favelas, a maioria na zona sul carioca. Apenas em 1,9% das favelas não foi detectada a atuação de nenhuma quadrilha.
 
Em 2005, as milícias controlavam apenas 11,2% das comunidades e o Comando Vermelho, 50,1%.

De acordo com a antropóloga Alba Zaluar, que estuda a questão da violência no Rio, os grupos paramilitares continuam crescendo. Após dominar quase toda a zona oeste, os milicianos avançam sobre as comunidades pobres da zona norte e do subúrbio da cidade.
 
Os paramilitares são responsáveis por 45% dos assassinatos no Rio, seja em confrontos contra traficantes por territórios ou em disputas com outros milicianos.

Vice-presidente da Record acusa Globo de omitir Pan-Americano por 'puro orgulho'

O vice-presidente artístico e de programação da Record, Honorilton Gonçalves, acusou a Rede Globo de ter prestado um grande desserviço ao país ao não dar quase nenhum destaque à programação dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. “A Globo não escondeu o Pan, a Globo escondeu o Brasil”, disse. 

Em entrevista ao site UOL, Gonçalves destacou que “quem saiu prejudicado foi o público que assiste à Globo”. Para ele, "tudo foi simplesmente omitido pela Globo por puro orgulho". 

Quantos à polêmica das imagens utilizadas pela Globo sem autorização, o vice-presidente da Record disse que a Globo foi a única emissora que não assinou um documento oficial para regulamentação da distribuição diária de um resumo de três minutos das imagens do evento. Segundo ele, a Globo sequer retornou o contato.

“Na Copa do Mundo, por exemplo, usamos as imagens com crédito da Globo. Não temos problemas com isso, o que nos importa é informar bem o telespectador”, ressaltou Gonçalves. 

Pela primeira vez atuando como detentora exclusiva das imagens do evento, a emissora deslocou 250 pessoas para Guadalajara, montou um estúdio gigantesco na cidade, contratou comentaristas e encheu o Brasil com imagens e narrações de diversos esportes, segundo o site UOL. 

A emissora ainda não fez um balanço público sobre os problemas ocorridos no evento, mas destacou que, no geral, o saldo foi positivo. De acordo com Gonçalves, a Record exibiu 138 horas de programação do Pan, 95 delas ao vivo, quase 40% a mais do que a Globo exibiu no Pan-Americano do Rio de Janeiro.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Desmatamento na Amazônia aumenta e chega a 253,8 km²

Brasília – A Amazônia perdeu uma área de 253,8 quilômetros quadrados (km²) de floresta em setembro, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram registrados 448 km² de desmate, houve queda de 43%. Na comparação com o mês de agosto, entretanto, quando foram contabilizados 164 km² de derrubadas, houve aumento da área desmatada.

O estado onde foram registrados mais desmatamentos, em setembro, foi Mato Grosso, com 110 km². Em seguida está o estado de Rondônia, com 49,88 km² e em terceiro, o Pará, com 46,94 km². O estado onde houve o menor registro de desmatamento foi Tocantins, com 2,24 km². No estado do Amapá não foi detectado desmate. 

Segundo o Inpe, apenas 5% da região não foram monitoradas por causa das nuvens.

Fazem parte da região da Amazônia Legal os estados do Acre, Amapá, Amazonas, de Mato Grosso, do Pará, de Rondônia, Roraima e do Tocantins, além de parte do estado do Maranhão.

domingo, 30 de outubro de 2011

Você acredita que a geração que hoje tem entre 18 e 24 anos realmente tem uma maneira mais consciente de lidar com o mundo?

Nova Mente

Uma surpresa das grandes aguarda o leitor mais incrédulo. Existe uma nova geração de brasileiros, com idade entre 18 e 24 anos, que pensa de uma maneira totalmente diferente das gerações que a antecederam. No entanto, não faz disso motivo para guerra, muito pelo contrário. Sim, porque esses moços -que de pobres moços não têm nada - celebram a polifonia, valorizam o diálogo, primam pela coletividade e acreditam que exista uma interdependência entre o bem-estar individual e o da sociedade.

Este é o perfil que revela a pesquisa Sonho Brasileiro, realizada pela empresa de mapeamento de tendências Box1824, com o objetivo de investigar o que a atual geração de 18 a 24 anos (faixa etária mais influente na criação e disseminação de novas ideias, segundo a agência) está sonhando para o País.

E os resultados são, sim, surpreendentes. A começar pela relação destes jovens com a família, ou melhor, com o conceito que eles têm de família. Cinquenta e três por cento dos entrevistados acreditam ter mais semelhanças do que diferenças em relação a seus pais. A causa dessa sensação segundo a pesquisa, é a horizontalização das relações familiares, que hoje costumam ser pautadas pelo diálogo, admiração e apoio mútuo entre pais e filhos (em contraponto ao modelo patriarcal verticalizado que era referência até pouco tempo atrás no Brasil).

Setenta e nove por cento destes jovens afirmaram acreditar que família não é apenas laço de sangue e 74% disseram que se sentem livres para constituir uma família dependendo só da própria vontade, ou seja, veem com uma escolha pessoal, não mais como obrigação.

Mesmo com tanta proximidade assim com os pais, essa nova geração difere muito deles. Para esses rapazes e moças, o trabalho não representa apenas acúmulo de dinheiro ou símbolo de status social. A pesquisa mostra que mesmo relacionando dinheiro a estabilidade, os jovens hoje veem no trabalho a oportunidade de se realizar pessoalmente. “O trabalho é cada vez menos visto como necessidade, e cada vez mais como elemento de realização e expressão. Os exemplos profissionais mais admirados são aqueles que conseguem aliar as duas coisas. Uma não menos importante que a outra. Ambas integradas. Essa é uma nova noção de sucesso que ganha força”, aponta o relatório final do estudo.

A coletividade volta à pauta desta geração, depois do individualismo predominante nas décadas de 80 e 90 do século passado (lembra dos yuppies?), mas ela é totalmente reformatada. Sua principal característica é a ideia da interdependência entre o bem-estar individual e o da sociedade, ou seja, é a vez do conceito de que pensar no outro não exclui pensar em si mesmo.

Setenta e quatro por cento dos jovens afirmaram que se sentem na obrigação de fazer algo coletivo no seu dia a dia, e 79% deles disseram que concordariam em utilizar parte de seu tempo livre para ajudar a sociedade. Mesmo que estar sintonizado com um discurso de coletividade não implique a prática deste discurso, o relatório ressalta que esses depoimentos apontam “que (a coletividade) é um valor que passa a ser cada vez mais socialmente aceito e que a sociedade espera que as pessoas adotem essa postura”.
 
Ponte

Mas talvez a grande descoberta feita em Sonho Brasileiro seja a do que os pesquisadores chamam de “Jovem-Ponte”, que seria o grande catalisador de ideias e influenciador desta geração. De acordo com o estudo, normalmente as pessoas se relacionam de forma mais intensa com três ou quatro grupos sociais (família, trabalho, estudo e mais um outro).

Este jovem-ponte transita por muitos mais grupos que este padrão. “Além de transitar por mais grupos, sua visão sobre o coletivo e suas ações se amplifica e diversifica; ele recolhe ideias e pensamentos destes grupos para evoluir seu próprio pensamento e suas ações; seu principal papel é redistribuir estes pensamentos e ideias, conectando redes e pessoas que nunca se falariam espontaneamente”.

De acordo com a pesquisa, 1 em cada 12 jovens brasileiros se enquadra neste perfil, o que leva a um total de 2 milhões de pessoas. Esta expressiva quantidade talvez explique algumas das características apresentadas pelo levantamento

Como a de que essa geração, tenha trocado o “ou” pelo “e” (é muito menos radical e mais agregadora; integra construindo, sem rupturas), abre o diálogo sobre preconceitos e diferenças, abrem a possibilidade de fazer política cotidianamente (e não partidária nem institucionalizada), constrói um novo tipo de participação coletiva; acredita que a presença independe do espaço físico e acreditam que a transformação se dá através das pessoas. Sinais que tempos melhores virão.

Números

55%
sonham com formação profissional e emprego, o segundo item na lista é casa própria (15%), seguido por dinheiro (9%) e família (6%)

77%
têm intenção de cursar o ensino superior. Esta vontade é compartilhada por todas as classes sociais (79% nas classes A e B, 77% na classe C e 74% nas classes D e E).

31%
afirmaram que seu sonho para o Brasil é que tenha respeito e cidadania; 18% querem que o País tenha menos violência e 13% menos corrupção.

Você acha que trabalha demais?

Você acha que trabalha demais?

Então vejamos:

O ano tem ....                                    365 dias
Menos 8h de sono por dia ....            122 dias   sobram  243
Menos 8h de descanso diario...          122 dias  sobram  121 (momentos que passamos em casa)
Menos os Domingos ....                       52 dias  sobram    69
Menos meio Sábado ....                       26 dias  sobram    43
Menos os feriados....                            13 dias sobram     20
Menos as horas de conversa cafezinho  10 dias sobram     00

Depois de tudo isso você adinda acha que trabalha de mais?????

Direito à vida

Portadores de mucopolissacaridose, uma doença rara, se organizam para exigir do governo o tratamento gratuito que deveriam receber
Talita Boros
talita.boros@folhauniversal.com.br
A paulista Regina Próspero, de 45 anos, luta pelo direito à vida de seu filho Eduardo Próspero, desde muito antes de ele nascer. Dudu, como é conhecido o rapaz que hoje tem 21 anos, é o segundo dos três filhos de Regina. Quando ele ainda estava na barriga da mãe, seu irmão mais velho, Niltinho, já sofria os efeitos da doença hereditária rara com a qual ele também teria que lidar, a mucopolissacaridose. 

Conhecida como MPS, tal doença afeta cerca de um a cada 144 mil nascidos vivos e prejudica a formação e funcionamento de órgãos e tecidos. O problema é provocado pela falta ou diminuição de um tipo de enzima importante para o bom funcionamento das células. Assim como o irmão, ainda pequeno, Dudu foi diagnosticado.

Os médicos apontaram que a expectativa de vida do menino era baixa. Niltinho, o mais velho, morreu aos 6 anos, sem nunca ter recebido medicação. Na época, não havia nenhum tratamento disponível no Brasil. Dudu, em 2002, aos 13 anos, ingressou junto com outras sete crianças no primeiro programa de testes para o combate aos efeitos da MPS no País. Recebeu remédios importados dos Estados Unidos e conseguiu levar uma vida normal.

Após garantir na Justiça a continuidade do tratamento a que tem direito, hoje, no quarto ano da faculdade de Direito, ele batalha junto com a mãe Regina, para que outros portadores também sejam beneficiados. Ela fundou e hoje preside a Associação Paulista dos Familiares e Amigos dos Portadores da Mucopolissacaridose.

Juntos, mãe e filho fazem campanha para que os remédios que custam cerca de R$ 50 mil por mês entrem na lista de medicamentos gratuitos do Sistema Único de Saúde (SUS). Dudu destaca a melhoria de vida que teve após receber o tratamento. “Dentro das minhas limitações, tenho uma vida normal. Saio, vou ao cinema, ao shopping e à faculdade. Só consigo tudo isso graças ao remédio.”

Atualmente só é possível conseguir a medicação na rede pública após decisões judiciais favoráveis. Segundo Regina, em média a ação contra o governo demora 8 meses até a autorização sair. “Temos um bebê de 2 meses internado na UTI no Hospital do Coração, em São Paulo. Ele precisa de meio frasco do medicamento por mês, mas a família ainda não entrou com a ação. Se o remédio já estivesse na lista do SUS, os pais entravam com um pedido no posto de saúde e em 30 dias o remédio estaria lá, para salvar a vida do bebê”, destaca Regina.

Para a medicação fazer parte da lista, o Ministério da Saúde tem que provar a eficiência do remédio por meio de um protocolo clínico, um estudo bem fundamentado. De acordo com Regina, tal protocolo já existe e está engavetado há 3 anos.